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Com o meu método, pode através da internet fazer uma tiragem de tarot com veracidade e seriedade sem sair de casa. Poderá experienciar o mundo do tarot de uma forma muito positiva: tarot_net@sapo.pt

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17.04.10

Recordação


Márcio Branco

Durante o meu percurso de vida tive o previlégio  de contactar e de conviver com pessoas extraordinarias e se calhar nunca serão famosas, nem conhecidas por mais do que uma mão cheia de pessoas mas cada um de nós tem o poder de partilhar informações e de fazer com que essas pessoas possam ser conhecidas e recordadas.

Hoje partilho convosco a história de vida de uma senhora que eu conheci quando estava a fazer voluntariado num lar de terceira idade. Nessa altura fazia parte do corpo de juventude da Cruz Vermelha e fui desafiado para apresentar um projecto inovador para actividades em lares de terceira idade. Desenvolvi um projecto de ginástica sénior e actividades de expressão dramática, em concreto produzir uma peça de teatro com utentes do lar de terceira idade.

Fui orientador num dos lares de terceira idade e nesse tempo conheci a Senhora Dona Irene, uma senhora dos seus 70 anos e bastante moderna para o seu tempo:

Desde nova que começou a trabalhar como serviçal numa casa senhorial do grande Porto. A familia para a qual trabalhava sempre tentou proporcionar-lhe uma boa educação e desde logo tentaram que tivesse um oficio para além de empregada domestica. Começou a aprender o oficio de modista e como a familia estava em Braga e ela no Porto o seu contacto com a familia era escasso.

Sendo educada por uma familia nobre, os seus gostos eram requintados e rapidamente começou a desejar algo mais e manifestou estes desejos através de viagens.

Estabeleceu-se como modista e começou a trabalhar para as grandes familias e todo o dinheiro que ganhava era para viajar. Por ano viajava 2 a 3 vezes para fora do país e esteve em todos os cantos do Mundo (só faltou conhecer a Australia, uma viagem que sabia que já não faria).

Da sua visa pessoal pouco falava mas não tinha tempo para namoricos, pois o trabalho era muito e as viagens eram mais importantes.

Aos 60 anos despediu-se do Porto e dos amigos que fez e retirou-se para Braga, para estar mais proxima da familia.

Com as suas economias e com o seu estilo de vida, ter uma casa não era importante, ela queria era um lugar onde pudesse ter um espaço para ficar entre as viagens que ia fazendo. Resolveu fazer do lar o seu hotel e nunca estava lá muito tempo. Depois de tomar o pequeno almoço ía visitar as amigas que fez na cidade e só regressava para almoçar, para imediatamente sair para socializar novamente.

A sua mente moderna fazia com que se aborrecesse com a maioria dos utentes do lar, "pessoas que não sabiam viver nem faziam nada" dizia-me :-) Para quê estar no lar sem fazer nada, quando podemos passear e viajar?

Nunca faltou a uma aula de expressão dramática nem de ginástica e teve um enorme aplauso na representação da peça, perante todos os funcionários do lar.

Foi um prazer conhecer esta senhora, o seu registo de vida marcou-me e mostrou-me que muitas vezes somos nós que nos prendemos e somos nós que diminuimos o nosso valor. Esta grande senhora diariamente dava liçoes de vida e se calhar nunca ninguém lhe agradeceu por isso.

Aqui fica o meu agradecimento por ter partilhado comigo alguma da sua sabedoria :-)