11.04.12
Impressões
Márcio Branco
Quem segue o meu facebook tem lido que já fui com a minha filha de urgencia para o hospital 3 vezes (e ela só tem 21 meses).
Felizmente não tem sido nada de grave e estas idas deve-se principalmente à preocupação dos pais (minha e da minha esposa) que como pais que somos pela primeira vez tudo é confuso e é logo digno de estado muito grave.
Recordo que os meus pais também me levaram algumas vezes ao hospital e a altas horas da madrugada e eu pensava que isso não me ia acontecer (pensava eu!!).
Da primeira ida, a minha filhota estava com muitos vermelhões na pele e não conseguia dormir, eram 02h00 da manha e lá fomos nós para a urgencia pediatra.
A segunda vez foi a meio do dia devido a uma tosse exagerada.
A terceira ida foi ontem, ela acordou às 03h30 com dificuldade em respirar e com uma tosse muito seco, como se tivesse algo na garganta e depois de ligarmos para a linha saude 24 (808242424) lá fomos de ambulancia para o hospital. Felizmente foi uma situação "normal", o excesso de calor provoca a dilatação da laringe e o melhor que podemos fazer é levar a criança para junto de uma janela e bem agasalhados deixar que o ar puro refresque os pulmões e acalme o organismo. A verdade é que ela quando chegou ao hospital já estava toda bem disposta.
Estas situações são importantes para mim para me dar maior segurança em como reagir numa proxima ocasião e fazer com que se reaja com mais calma e serenidade.
Mas escrevo este post principalmente pela situação vivida com a equipa dos bombeiros que vieram prestar assistencia. Era uma equipa muito jovem, pelos rostos não dava mais do que vinte anos (eu até diria menos) e era uma equipa constituida por dois homens e uma mulher.
Sendo que a mulher estava visivelmente com dificuldades em proceder a alguns despistes com a minha filha, ficamos na ambulancia uns bons 10 minutos porque ela não conseguia encontrar o medidor da tensão e depois não conseguiu medir o pulso. Muito honestamente não estava muito preocupado porque a Matilde estava bem melhor e estava até a dormitar no meu colo e por isso o tempo não era crucial mas estranhei aquele comportamento que inicialmente até pensei ser devido a pouca competencia mas depois percebi.
Em conversa com a senhora (menina porque era muito jovem) ela disse-me que tinha sofrido um aborto à 2 meses e então percebi a dificuldade dela naquela situação, era ainda uma lembrança penosa e ainda por cima uma criança tão jovem ela claramente estava a associar que poderia ser dela um bébé assim.
Muitas vezes convivemos com pessoas que precisam de trabalhar e realizar o seu trabalho mas que escondem dramas e situações bem complicadas, a nossa sociedade não se permite dar uma folga ou um descansa, quem cair tem de se levantar senão é posto de lado e ao ver esta situação fiquei mais uma vez incomodado com o rumo que estamos a dar a todos nós.
Não temos tempo para parar, para sarar feridas, somos literalmente carne para canhão, ficamos feridos colocados um penso e toca a ir novamente para a frente de batalha e a nosso mente? Ninguém a trata?
Agradeço o esforço daquela menina que apesar da dor dela pessoal soube dentro do seu melhor profissionalismo prestar a assistencia possivel e espero que possamos todos nós tolerar no nosso dia a dia situações destas, seja com o sr. do café ou o motorista da carris e permitir que alguma situaçao menos bem conseguida não seja motivo de critica mas de compreensão.