21.06.08
Ficção: Capitulo 6
Márcio Branco
A Raquel lia o diário e ficava mais fascinada pela história, a manhã já estava perdida porque há cerca de duas horas que lia o misterioso diário. "Afinal isto é trabalho" pensou ela enquanto ligava o portátil e fazia uma pesquisa na net para ver se encontrava alguma coisa sobre o Ricardo Sousa. A internet era um meio de busca fantástico e se esta história tivesse um minimo de verdade o tarólogo deveria estar mencionado em algum sitio, anuncio ou reportagem online.
A busca revelou-se um pouco mais vasta do que ela poderia supor, pelo nome o motor de busca devolveu dezenas de links, a maioria referente a uma noticia de jornal sobre um prédio em disputa por duas pessoas, uma delas Ricardo Sousa. Como ela era experiente nestas buscas aliou ao nome a palavra "tarot" e talvez assim o motor de busca fosse mais simpatico.
E foi!! Logo na primeira página surgiu o link para um tarólogo de seu nome Ricardo Sousa, era o único a ser referido por isso decidiu arriscar e entrou no site. Lá tinha várias secções e um formulario para duvidas ou questões e a raquel fervilhava interiormente porque para ela era como se estivesse a decobrir ouro numa mina. Enviou o e-mail a relatar a situação e indicou onde poderia ser encontrada, ela estava contente consigo mesma, ela iria devolver o diário ao seu legitimo dono. O telemovel começou a tocar e ela assustou-se, por momentos pensou que poderia ser já o dono do diário a ligar e com o susto o diário caiu e algumas folhas espalharam-se pelo chão. Ela conseguia ver que quem ligava, era o Tomás e por isso rapidamente recolheu as folhas e dirigiu-se para o gabinete dele.
- Até que enfim Raquel, onde andavas, tive de ligar-te? - Ele estava irritado, principalmente porque ela deveria ter estado presente quando ele deslidou o mistério com todo o brilhantismo que ele achava que tinha - Daqui a nada chega o dono do diário.
Ela ficou em choque - Como? Como é isso possivel Tomás? - Ele estava a gostar da admiração dela, tinha conseguido o efeito desejado, ele era o maior!
- Liguei para o depósito de onde veio o pacote e pela morada que o autor do diário indicou consegui obter um numero de telemovel. Resolvi ligar e tive sorte, ele não está em Lisboa neste momento e vem a caminho. O mais tardar ao final da tarde já ficamos a conhecer o misterioso Ricardo Sousa - Terminou a frase com um largo sorriso de orelha a orelha.
A raquel por sua vez estava satisfeita mas algo não batia certo, tanto tempo que o diário andou perdido e bastava simplesmente alguém ter pesquisado a morada e ligar para o dono - Tomás e se for uma armadilha? Pelo que li no diário gente poderoso pode andar atrás dele.
- Raquel isto não é um filme está bem, é a vida real da mais parva que existe, sem perseguições, agentes secretos ou tipas muito bem feitas que acabam na cama dos heróis, apesar de que temos até uma mulher bem gira na história - E mal disse apercebeu-se da enorme descaída que teve, pela primeira vez fez um elogio directo à Raquel e ele sabia que ela tinha percebido.
- É pena não seres nenhum agente secreto herói Tomás, senão até conseguias o teu final desejado - e começou a rir e a indirecto ficou por ali mas no fundo ela gostou daquele elogio, ele afinal reparava nela, não só como profissional mas também como mulher. - Sendo assim Tomás vou ler mais um pouco do diário porque mais logo já o vou ter que devolver, não te importas?
- Não, lê lá as aventuras do teu herói romântico!!
A Raquel continuava a não achar todo aquele desenlace muito bem, algo cheirava muito mal mas ela também concordava com o Tomás que a vida real é bem mais enfadonha que os filmes, aí tudo é maravilhoso e o final é sempre feliz. Ela sentou-se na sua secretária e olhava para o diário quando o telemovel volta a tocar.
- Sim Tomás, que desejas?
- Não é o Tomás, quem fala é o Ricardo, Ricardo Sousa e penso que a Raquel tem o meu diário. Gostaria imenso de falar consigo, quando posso ir ter consigo?
- Olá Sr. Ricardo, pensei que já tinha combinado isso com o meu colega, o Tomás, quando falaram ao telefone não combinaram uma hora?
- Não Raquel, por isso liguei, eu estou na cafetária dos vossos escritórios, a raquel pode vir ter comigo agora?
- Sim claro mas pensei que vinha.... - E foi imediatamente interrompida pela voz ao telefone.
- Venha já Raquel, falamos já.
Agora sim era tudo muito estranho mas a curiosidade falava mais alto e ela corajosamente dirigia-se ao encontro da voz do telefone.
................................................................................Continua......................................................................