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Tarot na net: a qualquer hora e em qualquer lugar

Com o meu método, pode através da internet fazer uma tiragem de tarot com veracidade e seriedade sem sair de casa. Poderá experienciar o mundo do tarot de uma forma muito positiva: tarot_net@sapo.pt

Tarot na net: a qualquer hora e em qualquer lugar

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21.06.08

Ficção: Capitulo 6


Márcio Branco

A Raquel lia o diário e ficava mais fascinada pela história, a manhã já estava perdida porque há cerca de duas horas que lia o misterioso diário. "Afinal isto é trabalho" pensou ela enquanto ligava o portátil e fazia uma pesquisa na net para ver se encontrava alguma coisa sobre o Ricardo Sousa. A internet era um meio de busca fantástico e se esta história tivesse um minimo de verdade o tarólogo deveria estar mencionado em algum sitio, anuncio ou reportagem online.

A busca revelou-se um pouco mais vasta do que ela poderia supor, pelo nome o motor de busca devolveu dezenas de links, a maioria referente a uma noticia de jornal sobre um prédio em disputa por duas pessoas, uma delas Ricardo Sousa. Como ela era experiente nestas buscas aliou ao nome a palavra "tarot" e talvez assim o motor de busca fosse mais simpatico.

E foi!! Logo na primeira página surgiu o link para um tarólogo de seu nome Ricardo Sousa, era o único a ser referido por isso decidiu arriscar e entrou no site. Lá tinha várias secções e um formulario para duvidas ou questões e a raquel fervilhava interiormente porque para ela era como se estivesse a decobrir ouro numa mina. Enviou o e-mail a relatar a situação e indicou onde poderia ser encontrada, ela estava contente consigo mesma, ela iria devolver o diário ao seu legitimo dono. O telemovel começou a tocar e ela assustou-se, por momentos pensou que poderia ser já o dono do diário a ligar e com o susto o diário caiu e algumas folhas espalharam-se pelo chão. Ela conseguia ver que quem ligava, era o Tomás e por isso rapidamente recolheu as folhas e dirigiu-se para o gabinete dele.

- Até que enfim Raquel, onde andavas, tive de ligar-te? - Ele estava irritado, principalmente porque ela deveria ter estado presente quando ele deslidou o mistério com todo o brilhantismo que ele achava que tinha - Daqui a nada chega o dono do diário.

Ela ficou em choque - Como? Como é isso possivel Tomás? - Ele estava a gostar da admiração dela, tinha conseguido o efeito desejado, ele era o maior!

- Liguei para o depósito de onde veio o pacote e pela morada que o autor do diário indicou consegui obter um numero de telemovel. Resolvi ligar e tive sorte, ele não está em Lisboa neste momento e vem a caminho. O mais tardar ao final da tarde já ficamos a conhecer o misterioso Ricardo Sousa - Terminou a frase com um largo sorriso de orelha a orelha.

A raquel por sua vez estava satisfeita mas algo não batia certo, tanto tempo que o diário andou perdido e bastava simplesmente alguém ter pesquisado a morada e ligar para o dono - Tomás e se for uma armadilha? Pelo que li no diário gente poderoso pode andar atrás dele.

- Raquel isto não é um filme está bem, é a vida real da mais parva que existe, sem perseguições, agentes secretos ou tipas muito bem feitas que acabam na cama dos heróis, apesar de que temos até uma mulher bem gira na história - E mal disse apercebeu-se da enorme descaída que teve, pela primeira vez fez um elogio directo à Raquel e ele sabia que ela tinha percebido.

- É pena não seres nenhum agente secreto herói Tomás, senão até conseguias o teu final desejado - e começou a rir e a indirecto ficou por ali mas no fundo ela gostou daquele elogio, ele afinal reparava nela, não só como profissional mas também como mulher. - Sendo assim Tomás vou ler mais um pouco do diário porque mais logo já o vou ter que devolver, não te importas?

- Não, lê lá as aventuras do teu herói romântico!!

A Raquel continuava a não achar todo aquele desenlace muito bem, algo cheirava muito mal mas ela também concordava com o Tomás que a vida real é bem mais enfadonha que os filmes, aí tudo é maravilhoso e o final é sempre feliz. Ela sentou-se na sua secretária e olhava para o diário quando o telemovel volta a tocar.

- Sim Tomás, que desejas?

- Não é o Tomás, quem fala é o Ricardo, Ricardo Sousa e penso que a Raquel tem o meu diário. Gostaria imenso de falar consigo, quando posso ir ter consigo?

- Olá Sr. Ricardo, pensei que já tinha combinado isso com o meu colega, o Tomás, quando falaram ao telefone não combinaram uma hora?

- Não Raquel, por isso liguei, eu estou na cafetária dos vossos escritórios, a raquel pode vir ter comigo agora?

- Sim claro mas pensei que vinha.... - E foi imediatamente interrompida pela voz ao telefone.

- Venha já Raquel, falamos já.

Agora sim era tudo muito estranho mas a curiosidade falava mais alto e ela corajosamente dirigia-se ao encontro da voz do telefone.

 

................................................................................Continua......................................................................

10.05.08

Ficção: Capitulo 5


Márcio Branco

 

Esta revelação apanhou-a de surpresa – “De facto você vale os honorários que pede!”

- Não achava que apenas os pedia por ser simpático e bem apessoado? – Respondeu-lhe a sorrir e continuou a leitura – A verdade Odete é que este negócio já não vai render muito mais, nem a si nem ao seu marido. Existe tanta confusão aliada ao vosso sócio que a coisa mais sensata a fazerem é afastarem-se rapidamente. Mas pelas cartas também vejo essa possibilidade difícil – O Ricardo pegou novamente no baralho, baralhou novamente e dispôs mais uma vez as cartas na mesa.

- Neste momento a única vantagem que ainda vos resta de saírem desta situação de forma positiva é usarem sabiamente o trunfo que têm em vosso poder. Pelo que vejo aqui, a Odete tirou alguma coisa de valor ao seu sócio – Calou-se e geralmente o silêncio é a deixa perfeita para que a outra pessoa continue a conversa a partir desse ponto e a Odete assim fez:

- Sim, eu tenho em meu poder um dossier com uns dados de contas no estrangeiro, que neste momento já não podem ser mexidas por ele mas ele ainda não sabe disso porque nem sonha que tive acesso ao dossier. É o trunfo que tenho, que eu e o meu marido temos para fazer com que ele nos deixe em paz -  O Ricardo deu um trago no chá e novamente baralhou o tarot e colocou novas cartas na mesa. Desta feita começou a sorrir.

- O que está a ver que é tão engraçado? – Perguntou ela com uma voz maliciosa e sedutora – Estou aqui a ver que a Odete é uma mulher mazinha! Deixa que o seu marido pense que você tem amantes e desde já lhe digo que não os tem e que você ama profundamente o seu marido. Mas acho piada que haja assim Odete.

Ela estava mais uma vez espantada com as revelações feitas. Que ele era um bom tarólogo já ela o sabia pois vinha muito bem referenciado pela amiga dela mas ao vivo é de facto um homem fascinante. Bom conversador, simpático, acessível, sentia que lhe podia contar tudo e ela estava muito feliz por poder desabafar com alguém, de forma franca e directa – “ Eu faço isso para que ele sinta desejo por mim, senão pensa que me acomodei e começa a procurar outras. Você não acha isso da sua esposa?”

- Para ser sincero não! Eu amo a minha esposa e todos os dias lhe digo isso e tento sempre mostrar isso, acho que não preciso de lhe fazer ciúmes ou ela a mim para eu estar mais atento e reparar mais nela – Baralhou novamente o tarot e uma nova tiragem foi revelada – E não precisa preocupar-se Odete, o seu marido ama-a muito e olhe que você demonstrar que também o ama é muito importante. Deixe de ser insegura nesse ponto, ele ama-a verdadeiramente, não é apenas uma relação baseada no sexo e já agora parabéns”.

Esta última frase deixou-a sem cor e teve de beber um pouco de chá para ganhar coragem para dizer alguma coisa – Parabéns porquê? – A voz dela soava muito baixinho e fraca.

- Pela gravidez, parabéns pela gravidez – Disse a sorrir.

- Eu estou grávida??

 

……………………………….Continua………………………………………….

26.04.08

Ficção: Capitulo 4


Márcio Branco

Importa-se que fume? – Perguntou a Odete enquanto o Ricardo lhe servia o chá – “Não, fume à vontade. Este espaço foi projectado para as pessoas se sentirem à vontade.

- Obrigada, nem sei por onde começar – disse ela – Vou dar-lhe uma ajuda -  disse ele – E que tal pelo principio? – Começando a rir-se.

Odete era uma mulher de 29 anos, não tendo apetência ou pachorra para os estudos, dedicou-se desde sempre a namoriscar os rapazes mais convenientes para ela, ou dito de outra forma, aqueles que lhe poderiam proporcionar uma vida melhor. Foi assim que aos 20 anos começou a trabalhar numa empresa de cerâmica, o seu namorado da altura conhecia o patrão e a função que iria desempenhar bastante acessível. De início executava funções de administrativa, atendia telefones e servia uns cafés mas rapidamente começou a inteirar-se dos negócios e passou a ser uma pessoa muito influente com o patrão.

Ela sabia que tinha uma figura invejável e não tinha problemas em usar isso a seu favor – “Nunca me importei com o que diziam de mim, nas aldeia era mais falada que as prostitutas locais, talvez porque dessas todos poderiam dizer que já as comeram, comigo era uma grande incógnita que eu deixava de propósito no ar. A verdade é que poderia ter andado com qualquer homem que me apetecesse mas não o fiz.”

Aos 22 anos já tinha um caso com o patrão, que apesar de mais velho conseguia dar-lhe muito mais que os mais novos – “E não falo de dinheiro, ele é o único que desde o primeiro momento me ouve, sempre quis saber a minha opinião. É isso que me cativa nele e gosto dele, sinceramente que o amo.”

Aos 24 casou-se, não sem primeiro ter aguentado a pressão do divórcio dele, as criticas da mulher e dos filhos. Com 29 anos e o marido 55, vivem agora uma felicidade dourada, só apenas manchada por um pequeno negócio que correu mal – “No ano passado investimos na Polónia, com um amigo do meu marido. Nunca gostei dele e ele até chegou a fazer propostas menos sérios à minha pessoa. Em parte estou aqui para saber se esse negócio ainda vai correr bem e o que poderemos fazer para nos acautelar.”

O Ricardo levou-te e trouxe para junto da mesa um baralho de tarot e pediu à Odete que o baralhasse – “O seu baralho é bonito. É diferente” – Disse-o enquanto finalizava o baralhar e cortava-o em duas partes.

- Cada tarólogo tem um apelo único, por isso os baralhos também mostram um pouco a personalidade do tarólogo e isso também é uma característica muito pessoal de cada um – Enquanto falava ia dispondo as cartas na mesa e chegado à última carta olhou para a Odete e disse:

- Porque é que não me disse que este seu sócio está a ameaçar o seu marido?

 

…………………………….Continua………………………………………….

29.03.08

Ficção: Capitulo 3


Márcio Branco

A rotina diária é algo a que ninguém escapa, seja ela qual for. Poderão umas rotinas ser mais interessantes que outras? Essa pergunta surgia com alguma frequência na sua cabeça e rapidamente chegava à conclusão que sim, que a sua rotina era uma verdadeira aventura. Isto porque diáriamente era confrontado com histórias diferentes, pessoas diferentes, escolhas e caminhos que o permitiam ver o mundo não só pelos seus olhos mas pelos olhos de todos aqueles que o procuravam. Era a sua recompensa, o seu reforço positivo diário para se levantar e ir trabalhar. Hoje não seria diferente. Levantou-se da cama e olhou o corpo da sua esposa deitado na cama e admirou a sua beleza. Esta era mais uma rotina diária mas nunca se cansava de a fazer, olhar para a esposa era como ganhar forças para aguentar mais um dia, depois tomava um banho, preparava o pequeno almoço para os dois e nunca saia de casa sem dar um beijo de despedida. "Já te disse que te amo?" - dizia ele ao ouvido - "Dizes-me todas as manhãs mas eu gosto de ouvir" - respondia ela ainda meio ensonada mas a acordar para a sua rotina diaria.

Para ir trabalhar não precisava de levar carro, bastava sair de casa e entrar no metro, em 15 minutos estava no seu escritório, um edificio antigo mas como tudo o que era antigo mantinha uma aura de mistério à sua volta. O escritório ficava no rés-do chão e mal entrava já era habitual ver a assistente em volta do computador - "Bom dia Alice, como estás hoje?" - era a pergunta habitual que ele fazia e era muitas vezes acusado de ser repetitivo e enfadonho. " Estou bem, quer dizer mais ou menos, nem por isso sabes?!". - "Fiquei sem saber se estás a ficar com multipla personalidade ou se simplesmente ainda nem sabes como estás hoje mas deixa lá, no final volto-te a perguntar e já deves saber! Espere eu! Como estamos hoje de trabalho Alice?"

- "Bem, hoje vais ter muito para fazer. Tens às 10h30 marcação com uma senhora do algarve. Às 12h vem cá o senhor Filipe, da consulta do mês passado e da parte da tarde....." - Mas foi interrompida sem poder concluir a frase - "Ok, vamos primeiro trabalhar de manhã e depois de tarde voltamos a falar, senão não justificas o salário que te pago!" e começaram ambos a rir-se.

Ainda nem eram 10h30 quando uma jovem mulher, rondando a casa dos trinta se dirigiu à assistente - "Tenho uma consulta marcada com o Sr. Ricardo Sousa"- a sua voz era firme e ligeiramente grave. A Alice gostava imenso daquel trabalho porque podia avaliar as diversas mulheres que entravam no escritório e gostava de fazer julgamentos apenas pela pinta delas, para a Alice esta mulher correspondia ao perfil de mulher jovem que trai o marido e que depois não sabe o que fazer quando se vê prestes a perder a fortuna. - "Sim, já está à sua espera, pode entrar. Eu vou acompanha-la"

O escritório era um local um designado por muitos como fascinante, porque não se parecia nada com um escritório tipico. Era uma sala com mais de 50 metros quadrados, com as paredes forradas com prateleiras e livros e toda a sala parecia uma confortavel sala de estar. Com lareira, chaise longues e o unico sinal de modernidade era o portátil em cima de uma mesa de secretária também ela com aspecto rustico e maciço. Era neste espaço que diariamente o Ricardo realizava as suas consultas de tarologia. Este espaço foi herdado do seu avó e ele resolveu manter todo o aspecto original, sentia-se como em casa, confortavel e queria transmitir isso para os seus clientes.

Ele estava sentado no sofá a ler um livro quando a Alice entrou com a cliente das 10h30 - "Muito prazer, sou o Ricardo, por favor sente-se"- cumprimentou-a e indicou-lhe um dos diversos espaços livres à sua frente. - "Obrigado, chamo-me Odete e é um prazer conhece-lo, tive boas referências suas" - disse enquanto se sentava e fazia a avaliação da pessoa que tinha à sua frente.

Uma amiga da Odete, consultou o Ricardo à cerca de 5 meses atrás e descreveu-o com sendo um homem por quem qualquer mulher cairia rapidamente, não obstante que era um excelente tarólogo também. E de facto o homem que ela via era um homem interessante, ainda jovem, com o olhar jovial, fisicamente bem dotado, deveria fazer ginásio. Ela sempre teve bons olhos para estes pormenores e imediatamente reparou que ele usava aliança portanto deveria ser casado, o que ainda aumentava o charme dele. E a própria sala era magnifica, ela já se podia imaginar deitada num daqueles sofás completamente nua, com o tarólogo ou com qualquer outro homem, menos o marido obviamente. - Estou a reparar que é casado, a sua esposa é a assistente?" - Ela sabia perfeitamente que não era, mas ela preferia fazer-se de burra e sacar algumas informaçoes, aprendeu isto com o marido, nunca se sabe se poderão ser uteis mais tarde. - "Sou casado sim mas não com a Alice, que é a minha assistente. Deve ter reparado que ela é uma jovem em comparação comigo que já estou a caminhar para a velhice" - começando a rir-se - " A minha esposa está numa área muito distinta da minha, mas muitas vezes passa por aqui, um dia poderá ter a oportunidade de a conhecer."

Ele estava habituado a fazer uma conversa inicial de circunstancia porque era preciso pôr as pessoas à vontade e não se importava com as perguntas mais indiscretas. Era natural que algumas clientes tivessem ideias erradas sobre ele, ou sobre a consulta em si mas  o importante era esclarecer imediatamente tudo e a questão dele ser comprometido era recorrente e ele falava muito nela para que também segundas intenções não fossem criadas, pois nada mais natural que uma mulher carente, que se aproximava dele para contar a sua história menos feliz e neste periodo de carencia os sentimentos começassem a ser confundidos e rapidamente a consulta poderia tornar-se numa sessão sexual como acontecia com muitso profissionais da área que mais do que tarólogos eram prostitutos que apenas realizavam as fantasias das mulheres casadas. Ele não queria isso para si e por isso mantinha sempre o nivel da consulta.

Nunca julgava ninguém e para ele a Odete era mais uma jovem mulher que necessitava de alguma orientação, não imaginava ele que esta consulta iria causar muitos problemas futuros.

- " e então Odete, em que posso ajuda-la? Enquanto partilha comigo essa informação vou oferecer-lhe um chá" e enquanto se levantava para uma mesinha de apoio que tinha junto de uma estante a Odete começou a sua história.......................

 

............................................Continua..................................................................................................................

08.03.08

Ficção: Capitulo 2


Márcio Branco

Dirigem-se ambos para o escritório e o Tomás ainda não assimilou a informação toda - Mas que raio se passa Raquel? Quem é esse Ricardo? - Ele começava era a suspeitar que deveria ser algum romance mal resolvido da assistente e agora ela estava tresloucada. Para ele as mulheres não faziam muito sentido, especialmente depois do que aconteceu com a ex dele.

- Tu ouves mal é? No outro dia estavas eufórico por encontrar o feliz destinatário de umas bolachinhas de chocolate e agora que te digo que isto é que é importante não me ouves!! Ouve Tomás - E olhou para ele como nunca o tinha feito - Foi para isto que este departamento foi criado, finalmente temos trabalho à nossa altura.

Não tinha espirito aventureiro mas tinha de lhe dar razão, o que ele aspirava para o departamento era que os pacotes finalmente entregues fossem importantes, uteis para o destinatário e não apenas peças sem validade. Finalmente começou a dar atenção ao que ela dizia e as peças deste novo puzzle começaram a mexer dentro da cabeça dele... Um diário....Uma encomenda não entregue...Um tarólogo... E principalmente um nome, terem um nome era muito importante, a maioria dos casos era resolvido apenas com a informação do nome.

Já no escritório olhou para o objecto de tanto alarido, um caderno aparentemente simples, com aspecto de ter sido bastante usado e com a particularidade de ter uma capa em couro. De resto banalissimo na sua aparencia mas mesmo assim parecia emanar dele algo poderoso, alguma energia mistica que o impelia a abri-lo e a saber os seus segredos. A Raquel pegou numa folha solta e entregou-lhe - Lê isto e já percebes tudo.

"Olá Sergio, desculpa só contigo em momentos de aperto. Temos mesmo vidas desencontradas. Quando estiveste aqui estava a resolver uma situação e quando pude ir aí também estavas de licença noutro local. O que importa é que naquela data vamos estar juntos, ao menos nesse dia já sei que podemos falar. Já sei que inventaram telemoveis mas não é a mesma coisa, eu sei que preferes as cartas e no fundo eu também, torna as missivas mais interessantes e perigosas, eheheheeh. Também não te tenho ligado porque suspeito de uma situação e não queria envolver-te, pelo menos muito! A verdade é que penso estar a ser seguido por individuos com más intenções, ou melhor, tenho a certeza!! Posso dizer-te que o que te envio foi arrancado ao soco de um individuo que assaltou o meu escritório.

Não te alarmes Sérgio porque não te envio nada perigoso, eles nem sabem que te envio isto. Envio-te um dos meus diários porque penso que as pessoas que o querem desejam obter informações pessoais sobre determinada pessoa e através do diário podem faze-lo. Envio-to para que não caia em mãos erradas e decerto quando o receberes já a policia tratou deste assunto.

Promete-me uma coisa, caso suspeites ou sequer pressintas que algo não está bem envia novamente o diário por correio. Sérgio, tem de ser pelo correio, para esta morada: Rua Dr. Magalhães Lemos, nº 13, Apartado 31, Portugal.

Depois pago-te um copo e há sueca também, já sei que namoras agora!!!

Até breve, Ricardo Sousa"

O Tomás terminou a leitura e ficou com a ideia de que de facto o diário era pretendido por pessoas menos correctas e era seu dever devolve-lo. A Raquel tinha razão, era emocionante, era como participar numa aventura. - Que vamos fazer Tomás ?- questionou a assistente.

- Vamos começar por traçar o precurso desta encomenda, ver de onde saiu e por onde andou. Felizmente ela está registada e vai ser mais fácil verificar isso - Enquanto falava já introduzia os dados no computador e procurava os ficheiros correctos. - Apetece-me folhear o diário Tomás, achas que o posso ler?

Ela quando queria conseguia ter um olhar lascivo, pensava ele ao olhar para ela - Podes ler, mas isso é propriedade privada e ainda por cima intima.

Ela sorriu e deu-lhe um beijo - Obrigado Tomás - e saiu da sala com o diário. Ele ficou a olhar para ela e sentiu um arrepio ao relembrar novamente o beijo

.................................Continua...............................................................

 

23.02.08

Ficção: Capitulo 1


Márcio Branco

Uma manhã pouco convidativa começava a surgir no horizonte, mais um dia de trabalho e mais um dia em que se tudo corresse bem iria fazer alguém feliz. Tomás olhou para o despertador que marcava 07h00 e lentamente relembrava o porquê de ter de acordar tão cedo. Primeiro que tudo porque achava que aos 26 anos já estava na altura de ser independente, segundo porque no ano anterior tinha sido promovido e com essa promoção um aumento salarial substâncial permitiu-lhe adquirir o seu próprio espaço.

Na altura achou ser uma boa ideia só que rapidamente verificou que a namorada da altura estava mais interessada num recente colega de erasmus e por isso ele em vez de ter uma casa para poder cometer as loucuras que achava ir cometer, passou a ter um espaço para poder acumular mais trabalho que trazia do emprego.

Habitualmente 5 minutos de pensamentos soltos a olhar para o despertador chegavam mas hoje por alguma razão achou que deveria ir um pouco mais além. Enquanto tomava banho olhava para o seu rosto e repetidamente fazia a seguinte pergunta, "Afinal para que te levantas Tomás?".

A questão ficava sempre no ar, tomava o pequeno almoço e saia de casa a caminho do Armazém 14, local onde trabalhava. A empresa "Fast Deliver" tinha a sua sede em três pavilhões nos arredores da cidade, uma empresa que funcionava 24 sobre 24 horas e tinha nos últimos anos aumentado o seu fluxo comercial. O Tomás estava na empresa à cerca de 4 anos, inicialmente como despachante de encomendas mas rapidamente se viu entolado de encomendas que por alguma razão não chegavam ao destinatário. Nas horas mais mortas começou a estruturar um plano para conseguir entregar as encomendas perdidas e rapidamente deu nas vistas ao executar com sucesso este seu objectivo. Ao fim de 3 anos a "Fast Deliver" criou um departamento especifico para as encomendas não reclamadas ou perdidas e ele foi o escolhido para chefia-lo. A noticia saiu nos jornais e a empresa conseguiu muita publicidade à custa desta eficiência do novo Departamento. Para Tomás o trabalho tinha aumentado mas o salário também, isso agradou-lhe e ainda podia chefiar um departamento de duas pessoas. Ele próprio e uma assistente administrativa, a Raquel.

"Porque te levantas de manhã'"............"Para descobrir o rasto às encomendas!"- Era isso mesmo, ele adorava fazer essa pesquisa, talvez até devesse ser detective. Quem sabe um dia não o seria, de momento tudo o que o excitava era a emoção de descobrir o destinatário da encomenda. Era uma sensação que para ele pagava qualquer esforço, quer fosse os bolinhos de natal que estavam perdidos ou então o simples peixe fresco enviado com todo o cuidado à 4 meses atrás e que agora já cheirava muito mal. Graças ao sistema que implementou a taxa de sucesso de devolução ultrapassava os 80%. "Muito bom mesmo"- pensava ele enquanto estacionava o automovel.

Ao contrário do Tomás, a Raquel estava ainda a aprender a gostar do trabalho que fazia. Estava a tentar concluir um curso superior que em teoria lhe daria mais hipoteses de sucesso mas o tempo foi ditando que mais valia arranjar uma ocupação e que os estudos deveriam ficar para segundo ou mesmo terceiro plano. O pai dela era motorista da empresa e quando o novo Departamento abriu ela conseguiu o emprego graças a uma cunha bem metida. O trabalho era leve, requeria apenas método e persistência e o salário não era de deitar fora. Sobre o seu chefe ainda nem tinha bem uma ideia construida. Simpatizava com ele mas achava-o por vezes muito sério, já o esteve para convidar várias vezes para sair mas sempre achou que ele deveria ser do tipo que só vive para o trabalho e nem deve saber divertir-se por isso trabalhavam juntos mas conviviam pouco.

Ela chegava aos escritórios por volta das 8h00 e ao contrário do que poderia supor, ao ver um dia chuvoso que a tornava melancólica, hoje o dia seria tudo menos isso. Á espera dela encontrava-se um pacote e um motorista bem interessante. Se havia coisa que nunca lhe escapava era o fisico de um homem e este era bem constituido - Bom dia, é você que está encarregue deste departamento?- disse o motorista que sorria para ela.

- Sim, quer dizer, trabalho aqui sim. Vem deixar esse pacote?- Enquanto falava abriu a porta e foi buscar as respectivas folhas para se poder dar inicio ao preenchimento da entrada de um novo processo. - Diga-me, há quanto tempo anda esta encomenda no sistema?

O motorista abriu o pacote e retirou de lá umas folhas de papel iguais às que a Raquel tentava preencher - Nós recebemos ordens para fazer já o preenchimento das fichas e por isso já está tudo aqui, verifique apenas para poder ir fazer a minha ronda. - A Raquel não mostrou mas ficou orgulhosa, o Tomás jpa tinha dito que iria fazer cumprir essa norma, mas ela nunca pensou que pudesse ser tão cedo. Mas a prova estava ali, também este motorista era novo e compreendia bem o questionário. Alguns motoristas mais velhos iriam ter dificuldade mas isso não era para ser lembrado agora. Verificou as fichas e estava tudo bem, despediu-se do motorista simpatico e colocou mãos à obra.

O pacote já estava aberto mas o conteúdo do mesmo não, dentro do pacote estava um volúme completamente selado por várias camadas de papel e fita cola. Este momento era sempre uma emoção, neste ponto partilhava do extase do Tomás, nunca se sabia o que as encomendas continham, no fundo ela esperava sempre que se revelasse grandes segredos mas a verdade era bem menos interessante. Esta não seria excepção e por isso cortou as camadas de papel quase mecânicamente e mal viu o que era susteve a respiração. Pela primeira vez achou que deveria ser alguma coisa importante, parecia estupido mas sentia. Por alguma razão aquela encomenda estava a mexer com ela, por debaixo das diversas camadas de papel e fita estava um caderno manuscrito, dentro do mesmo estavam várias folhas soltas o que ainda davam um aspecto mais misterioso. A Raquel não aguentou e abriu o caderno, de imediato uma folha solta caiu e ela soltou um grito, quase como se tivesse cometido algo de mal. Pegou com muito cuidado na folha e começou a ler:

"Querido Ricardo, recebi o teu diário e segui as instruções que me deste. Ele ficou na minha posse o tempo que achaste necessário mas como bem previste ele não pode ficar muito tempo no mesmo sitio sem que rapidamente seja detectado. A teu pedido envio-te de volta e espero que ele não caia em mãos erradas. Toma cuidado contigo e mal o recebas diz-me qualquer coisa, estou muito nervoso sobre este envio, agora que sabem que está aqui comigo receio que ele possa ser desviado. Mas meu bom amigo, confio em ti e se tu achas ser isso o melhor a fazer assim o farei. Cuida de ti."

Acabava de estacionar o carro e já via a Raquel a correr em direcção a ele, "Queres ver que temos crise hoje?!". Abriu a porta do carro e cumprimentou a assistente - Bom dia Raquel, estamos muito energéticos hoje- disse com ar trocista.

- Tomás temos um achado nas nossas mãos, temos de encontrar o dono de um diário. Ele é tarólogo e chama-se Ricardo Sousa. Acho que corre perigo de vida e este diário também é perigoso porque deve conter alguma informação - Ela desbobinou a informação toda que praticamente nem conseguia respirar e foi preciso o Tomás segura-la se não ela iria decerto cair. - Explica-me isso bem....Temos um bruxo e um diário e o que mais?

- Não é bruxo Tomás, temos na nossa posse um diário de um tarólogo e precisamos de o devolver. Isto é importante Tomás - E pegou na mão dele e dirigiram-se para os escritórios.

 

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