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28.05.07

Outros Oráculos na Grécia Antiga


Márcio Branco

Na Grécia antiga, o templo e o santuário onde havia oráculos eram os lugares onde os deuses comunicavam com os homens e talvez por isso fossem numerosissimos. Não havia um único deus, que não tutelasse um centro oracular e não reclamasse para si o mais prestigiado.
O mais antigo santuário que se conhece é o de Zeus, conta a lenda que foi criado por duas pombas pretas. Talvez por isso, as sacerdotizas interpretavam os arrulhos das pombas sagradas e o murmurio das folhas de um carvalho, além do tilintar das vasilhas de bronze pensuradas nos ramos das árvores.
Outro Oráculo de Zeus lia as vísceras dos animais sacrificados, também alguns templos de Apolo faziam isto, mas na grécia os métodos eram em numero similar aos dos templos. Na Ácadia, os sacerdotes obtinham as respostas lançando quatro dados; nos templos do Deus da Medicina Asclépio interpretavam-se os sonhos, enquanto as sacerdotisas de Deméter emitiam oráculos lendo-os num espelho situado no interior de um poço.
Nos dias de hoje, ainda se pode encontrar na cidade grega de Lebadeia, uma gruta a que chamam "O Antro de Trofonios" e onde antigamente se praticava um ritual oracular bastante curioso:
O consultante purificava-se durante um determinado nº de dias, para isso alojava-se num edificio próprio para o efeito, em seguida lavava-se sozinho no rio Ercina e oferecia sacrificios a Trofonios, à Deusa Deménter e outras divindades. O consultante durante este periodo só podia alimentar-se de carne sagrada dos carneiros sacrificados.
No momento de consultar o oráculo, o consultante era conduzido ao rio, onde duas jovens de treze anos o lavavam e ungiam com óleo sagrado. Depois o consultante bebia água da fonte de Letes, cujas propriedades mágicas o ajudavam a esquecer o seu passado e depois bebia água da fonte Mnemósina, para que pudesse recordar o que tinha visto ou ouvido durante a consulta. O consultante vestia uma tunica de linho e entrava na gruta levando um pão de centeio ensopado em mel.
No fundo da gruta encontrava um buraco onde tinha de colocar as pernas. Ao fazer isto, sentia um puxão nos tornozelos e depois recebia uma pancada na nuca e uma voz começava a falar-lhe, onde lhe revelava o futuro e outras coisas.
Quando a voz se extinguia, o consultante era levado e sentado no trono da memória, onde um sacerdote pedia-lhe que repetisse tudo aquilo que ouviu para que pudesse explicar ao consultante o significado dessas palavras.
Segundo reatos do escritor grego Pausânias, o Génio Bom que revelava estas previsões na gruta de Trofonios, tinha a forma de serpente e dava respostas em troca do pão de centeio e do mel.
Felizmente que hoje, o processo de consulta é bem menos violento para o consultante, sendo que a parte do mel até que nem é má de todo :-) Para quem gosta de mel claro, com um chá e umas bolachinhas :-)