24.05.07
Oráculo de Delfos, parte III. O Declinio
Márcio Branco
Inicialmente o Oráculo de Delfos pronunciava-se só uma vez por ano, mas com o passar dos séculos e com a enorme percentagem de respostas certas a afluência dos peregrinos era tanta que o Oráculo começou a fazer consultas mensais. Príncipes e guerreiros procuravam o conselho de Apolo e pagavam fortunas por esses conselhos, pois os pronuncios do Oráculo eram verdadeiros e certeiros.
Segundo a tradição, as manifestações da pitonisa eram extremamentes vagas e era função dos sacerdotes interpreta-las. Logicamente que os reis e governamentes aproveitaram-se deste facto e corrumpiam os sacerdotes para influenciar as previsões do oráculo. Os sacerdotes, homens como os restantes, eram facilmente seduzidos pelos favores que os governantes lhes ofereciam (dinheiro, sexo, terrenos, etc).
Com um sistema destes naturalmente que o Oráculo caiu em desgraça e perdeu toda a validade que tinha, quem o geria era corrupto e fazia a gestão do Oráculo apenas para interesse próprio.
Este problema tem sido constante e é um dilema sempre presente nas ciencias esotericas. Quem detém a informação pode pedir o que quiser, muito; pouco ou nada, o mal surge quando os bens materiais são colocados em primeiro plano e tudo o resto é uma farsa.
Como já mencionei noutro poste, tem de existir sempre dois factores para que se verifiquem leituras (neste caso de tarot), o consultante e o que lê o tarot. Ambos devem estar imbuidos de confiança e boa fé. Se a um deles faltar isto, o sistema torna-se viciado e impuro.
O que lê deve-o fazer com total confiança no seu trabalho e total honestidade com o cliente. Presta um serviço para o bem do cliente, para o ajudar. Os pensamentos materiais não devem estar presentes na fase de leituras.
O cliente/consultante deve acreditar no que lê o tarot e só deve recorrer a ele se acreditar e se estiver disposto a ouvir sem preconceitos ou pré-juizos, senão, mais vale nem recorrer ao tarot. No final deve gratificar o que lê o tarot, porque senão usufruiu de um serviço e agora é o cliente que se torna impuro ao não gratificar pelo saber novo que adquiriu.
Já na altura do Oráculo de Delfos existiam outros Oráculos, uns mais visitados que outros. Como hoje em dia, existem muitos tarólogos. A escolha deve ser pessoal e deve ser feita acreditando no método e na pessoa que o faz.
Porque a queda do Oráculo de Delfos é algo que todos os dias se verifica, todos os dias novos charlatões são descobertos, mas todos os dias os bons profissionais continuam a dignificar o seu trabalho e a resistir às tentações dos maus valores da sociedade actual.