26.04.08
Ficção: Capitulo 4
Márcio Branco
Importa-se que fume? – Perguntou a Odete enquanto o Ricardo lhe servia o chá – “Não, fume à vontade. Este espaço foi projectado para as pessoas se sentirem à vontade.
- Obrigada, nem sei por onde começar – disse ela – Vou dar-lhe uma ajuda - disse ele – E que tal pelo principio? – Começando a rir-se.
Odete era uma mulher de 29 anos, não tendo apetência ou pachorra para os estudos, dedicou-se desde sempre a namoriscar os rapazes mais convenientes para ela, ou dito de outra forma, aqueles que lhe poderiam proporcionar uma vida melhor. Foi assim que aos 20 anos começou a trabalhar numa empresa de cerâmica, o seu namorado da altura conhecia o patrão e a função que iria desempenhar bastante acessível. De início executava funções de administrativa, atendia telefones e servia uns cafés mas rapidamente começou a inteirar-se dos negócios e passou a ser uma pessoa muito influente com o patrão.
Ela sabia que tinha uma figura invejável e não tinha problemas em usar isso a seu favor – “Nunca me importei com o que diziam de mim, nas aldeia era mais falada que as prostitutas locais, talvez porque dessas todos poderiam dizer que já as comeram, comigo era uma grande incógnita que eu deixava de propósito no ar. A verdade é que poderia ter andado com qualquer homem que me apetecesse mas não o fiz.”
Aos 22 anos já tinha um caso com o patrão, que apesar de mais velho conseguia dar-lhe muito mais que os mais novos – “E não falo de dinheiro, ele é o único que desde o primeiro momento me ouve, sempre quis saber a minha opinião. É isso que me cativa nele e gosto dele, sinceramente que o amo.”
Aos 24 casou-se, não sem primeiro ter aguentado a pressão do divórcio dele, as criticas da mulher e dos filhos. Com 29 anos e o marido 55, vivem agora uma felicidade dourada, só apenas manchada por um pequeno negócio que correu mal – “No ano passado investimos na Polónia, com um amigo do meu marido. Nunca gostei dele e ele até chegou a fazer propostas menos sérios à minha pessoa. Em parte estou aqui para saber se esse negócio ainda vai correr bem e o que poderemos fazer para nos acautelar.”
O Ricardo levou-te e trouxe para junto da mesa um baralho de tarot e pediu à Odete que o baralhasse – “O seu baralho é bonito. É diferente” – Disse-o enquanto finalizava o baralhar e cortava-o em duas partes.
- Cada tarólogo tem um apelo único, por isso os baralhos também mostram um pouco a personalidade do tarólogo e isso também é uma característica muito pessoal de cada um – Enquanto falava ia dispondo as cartas na mesa e chegado à última carta olhou para a Odete e disse:
- Porque é que não me disse que este seu sócio está a ameaçar o seu marido?
…………………………….Continua………………………………………….