"Cinco trabalhadores da France Télécom suicidaram-se num período de 15 dias, o que eleva para 23 o número de funcionários do operador de telecomunicações que se mataram este ano.
Entre 2008 e 2009, registaram-se 35 suicídios na empresa. As contas foram feitas e divulgadas por fontes sindicais, que consideram que a onda de suicídios no grupo demonstra que o plano da empresa para os evitar não tem dado frutos.
A France Télécom não confirmou o número de suicídios, afirmando apenas que houve vários casos e que está a averiguar as circunstâncias em que sucederam.
As mortes ocorreram em diferentes regiões, entre trabalhadores com funções diferentes e sem que, aparentemente, tenham relação entre si.
Afectada por uma grande onda de suicídios, o que lhe valeu críticas até do governo francês, a France Télécom comprometeu-se a substituir a direcção geral.
A mudança resultou na chegada ao grupo de Stéphane Richard, que anunciou um plano para melhorar as condições laborais dos trabalhadores.
No entanto, os sindicatos entendem que as alterações realizadas pelo novo director não foram suficientes e denunciaram, em particular, que o anterior director, Didier Lombard, se mantém na presidência do grupo.
Os representantes dos trabalhadores consideraram que os suicídios estão ligados às condições laborais do grupo e sobretudo à obrigatoriedade de mudar de local de trabalho ou de região a que os trabalhadores estavam submetidos, no âmbito de uma reestruturação impulsionada por Lombard."
Fonte: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1659815
Os novos padrões da sociedade estão perigosamente a destruir alguns vinculos que fomos aceitando como sendo leis universais e que como valores educacionais nos davam alguma tranquilidade e esperança num futuro melhor.
Falo por exemplo do chamado emprego para toda a vida, falo da semana de trabalho de segunda a sexta feira, falo do horário de trabalho das 9h às 19h.
Como sociedade fomos exigindo mais, melhores serviços e melhores condições, com estas exigencias fomos também alterando o mundo laboral. O nosso ritmo frenético exige que as empresas trabalhem mais horas e sempre com a mlehor qualidade mas as empresas não existem sem pessoas, para que elas laborem 24 horas por dia é preciso que alguém esteja lá, ou seja, são precisas pessoas.
Produzir mais e melhor, com rentabilidade, com valor acrescentado exige do funcionário muito mais do que simplesmente uma carga horária de 8 horas, hoje em dia nas empresas privadas (as grandes empresas que geram lucros) os funcionários não se podem limitar a 8 horas diárias, quem fizer "apenas" 8 horas rapidamente é convidado a sair pois é mal visto pelos restantes pares.
Os funcionários estão contactaveis 24 horas por dia, sempre com o telemovel ligado para que qualquer situação no trabalho seja rapidamente transmitida, as cargas horarias ultrapassam as 10 horas diárias e mesmo assim não chega pois o que deveria ser feito por 10 é feito por apenas 4 pessoas.
Trabalhos realizados por turnos, uns começam às 06h00, outros às 09h00 e ainda outros às 11h00 ou 15h00, ritmos biológicos completamente desiquilibrados que fazem com que rapidamente o stress se acumule e os trabalhadores nem consigam distinguir qual o dia da semana em que estão. Trabalhar sem duas folgas seguidas, uma no inicio da semana e outra a meio, completamente descontextualizando o funcionário com a restantes sociedade e a própria familia.
Na maioria destas empresas o numero de divorcios é elevado pois os ritmos familiares estão totalmente desiquilibrados e descoordenados.
A fadiga do trabalho exigente, aliada à fadiga fisica e mental de quem trabalha por turnos gera no funcionário pensamentos menos positivos e pouco benevolentes em relação ao seu futuro e da sociedade onde vive.
Não é de estranhar que numa empresa como a Telecom existam tantos suicidios, o que é de estranhar é a falta desta evidencia noutros paises e noutras empresas como esta, pois os niveis de stress e de condições de trabalho são similares em diversos pontos do globo.
No meio disto tudo temos de acreditar que os salarios acima da média e algumas regalias que estas empresas oferecem conseguem motivar os seus funcionários a acreditar que nem tudo é mau e que existe esperança e luz ao fundo do tunel, só precisamos de ter força de vontade e uma enorme auto estima para podermos gerir da melhor forma a vida pessoal e social com a vida laboral.
Tudo é possivel quando assim o queremos e existem aspectos bons e maus em tudo na vida, precisamos de dia a dia marcar a diferença e aos poucos irmos mudando aquilo que ao nosso redor está menos bem :-)
Acredito que a geração de 50 e 60 anos olha para trás e fique triste com a herança que os seus filhos herdaram, o que deveria ser um mundo glorioso tornou-se num pequeno pesadelo de que só alguns conseguem acordar.
A geração de 30 e 40 anos tem de olhar o futuro com a crença de que ainda é possivel melhorar e corrigir algumas diferenças, porque se não for assim mais vale acabar (como infelizmente alguns da france telecom acabaram).
Vamos acreditar :-) Vamos acreditar:-)
E como diz o Pedro: Vamos fazer o que ainda não feito :-)